Professor Alexandre de Mendonça
Lidar com Comportamentos Difíceis
Professora Jan Oyebode
Alterações do Comportamento
“O Carteiro”
O Sr.Silva vive com a sua mulher, Teresa, a quem foi diagnosticada há alguns anos atrás Doença de Alzheimer. Habitualmente, Sr.Silva vai às compras de manhã, deixando a sua mulher em casa. Certo dia, ao chegar a casa, o Sr.Silva repara que o comportamento de Teresa está diferente.
Explicação
O passo A (o antecedente) não estava relacionado com a ausência do Sr.Silva, mas sim com o carteiro a entregar o correio enquanto o Sr.Silva estava fora de casa nas compras. O barulho do carteiro a chegar ao edifício para entregar o correio deixava Teresa ansiosa e agitada por não perceber o que ele estava a fazer.
Para evitar o passo A (o antecedente) e prevenir tanto o passo B (o comportamento), como o passo C (as consequências), Sr.Silva decidiu levar Teresa consigo de manhã para que não ficasse sozinha em casa, assustando-se com o barulho do carteiro.
Depressão
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Quando uma pessoa está deprimida, sente-se frequentemente muito infeliz, triste e inútil, tendo que fazer um grande esforço para lidar com as tarefas do dia-a-dia. A depressão pode ser causada por diferentes factores, uns biológicos e outros psicológicos. Nas fases iniciais da Doença de Alzheimer, por exemplo, as pessoas podem ter dificuldades em expressar os seus pensamentos, o que pode provocar a uma sensação de isolamento social. Por outro lado, a incapacidade para realizar as tarefas como anteriormente pode criar sentimentos de insegurança.
É possível reconhecer os sintomas depressivos tendo em atenção uma combinação das seguintes características:
- Sentimentos de tristeza e desespero, presentes na maior parte do tempo;
- Sentimentos de baixa auto-estima e inutilidade;
- Incapacidade para disfrutar das actividades sociais e das tarefas de vida diária como habitualmente;
- Isolamento social;
- Pensamentos de morte, ideação ou mesmo tentativas de suicídio.
Há várias formas através das quais o cuidador pode ajudar a pessoa com demência quando esta parece deprimida:
- Tente ser compreensivo e conforte a pessoa com demência. Ouvir e reconhecer o que a pessoa tem para dizer sobre o que sente é muitas vezes a ajuda mais importante que um cuidador pode oferecer.
- Encoraje a pessoa a participar em actividades agradáveis que ainda sejam possíveis de pôr em prática. Exemplos destas actividades são: fazer uma caminhada, praticar desportos familiares, ouvir música ou ver fotografias. A actividade física pode ser particularmente benéfica na Demência de Início Precoce.
- Sempre que possível, encoraje a pessoa a fazer as coisas por si própria. Mesmo que seja mais fácil para o cuidador realizar a tarefa melhor e mais rapidamente, o acto de motivar a pessoa com demência a realizar tarefas que lhe são familiares de forma autónoma promoverá a auto-estima e um sentido de controlo da situação.
- Planeie actividades de cariz social para prevenir o isolamento. Combinar encontros com um grupo reduzido de pessoas e limitar as visitas a períodos de tempo adequados tornará esta tarefa mais fácil.
Ansiedade
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A ansiedade pode ser uma resposta a diferentes estímulos e pode ter várias causas, incluindo preocupações com actividades planeadas, o facto de estar num local com demasiadas pessoas ou sentir-se perdido. Situações complexas com as quais é difícil de lidar podem também criar ansiedade. Do mesmo modo, a incapacidade para resolver problemas ou fazer as coisas como antigamente pode gerar frustração. As seguintes características sinalizam a presença de ansiedade:
- Nervosismo, tensão, inquietude;
- Preocupações com o futuro ou com pessoas próximas;
- Medo de ser deixado só ou de ser abandonado;
- Fazer constantemente perguntas sobre um acontecimento planeado.
- Tente evitar sobrecarregar a pessoa ao pedir que realize demasiadas tarefas corrigindo-a constantemente;
- Tente manter uma rotina;
- Se for necessário proceder a alterações, introduza-as gradualmente;
- Se a pessoa com demência tiver que lidar com uma grande mudança de vida, faça-o progressivamente. Por exemplo, se a pessoa tiver que se mudar para uma instituição, considere apresentar a equipa da instituição ou marcar visitas ao espaço antes da mudança.
- Assegure-se sempre de que a pessoa com demência leva para o novo ambiente alguns bens pessoais que lhe sejam familiares.
Euforia
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A euforia ou a o ânimo excessivo acontece por vezes nos casos de Degenerescência Lobar Frontotemporal, embora possa surgir noutros tipos de demência. As características típicas da euforia são:
- Demasiada alegria sem razão aparente;
- Bom humor persistente e excessivo;
- Divertir-se com coisas a que as outras pessoas não acham graça;
- Comportamento infantil e tendência para rir sem propósito.
- Tentar perceber se o humor da pessoa causa problemas para si próprio ou para qualquer outra pessoa, e se necessário intervir;
- Reflectir sobre as circunstâncias que podem provocar ou agravar a euforia, tais como ambientes ruidosos e confusos; encontros sociais; consumo excessivo de cafeína; e descobrir formas de evitar ou reduzir o impacto destas situações;
- Se outras pessoas encorajarem o humor elevado, pode ser benéfico explicar-lhes que é melhor acalmar a pessoa com demência do que aumentar a euforia.
Comportamento Social
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A demência pode alterar a conduta social de várias formas, podendo resultar em:
- Diminuição do interesse pelas emoções das outras pessoas; incapacidade para reconhecer e responder adequadamente à tristeza alheia.
- Diminuição da capacidade para reconhecer e compreender os sentimentos das outras pessoas;
- Desrespeito pelas normas sociais, adoptando um comportamento egoísta, grosseiro e indelicado;
- Comportamento desinibido, tendo por exemplo demasiada proximidade com estranhos, tocando nas pessoas ou ainda tecendo comentários ou propostas de cariz sexual.
- Não tenha reacções exageradas. Tente lembrar-se de que a doença pode causar este tipo de comportamentos e que a pessoa não age desta forma intencionalmente.
- Tente avaliar se as consequências do comportamento em questão têm de facto relevância. Por exemplo, em algumas circunstâncias, falar com estranhos pode não ser problemático. A pessoa com demência pode sentir a necessidade de socializar e o estranho poderá gostar de interagir.
- Os comportamentos sexualmente desadequados podem surgir por vários motivos, nomeadamente pela presença de algum desconforto, necessidade de ir à casa de banho, uma má interpretação dos sinais das outras pessoas ou por confundir alguém com o seu parceiro.
- Se a pessoa com demência tentar despir-se em público, leve-a para um local mais resguardado e confirme se não há nenhum desconforto relacionado com as peças de roupa ou se a pessoa precisa de ir à casa de banho.
- Explique discretamente às outras pessoas que aquele tipo de comportamentos resulta de uma demência. Uma boa forma de pôr esta esta estratégia em prática é dar às outras pessoas cartões informativos.
Professor Alexandre de Mendonça
Conclusão